O Milagrão chamado "Jacqueline Daniela"!
Jacqueline nasceu em 21 de abril de 1997. Linda,
parecia perfeita e saudável. Recebeu o nome de Jacqueline em homenagem à sua
avó paterna. Tudo indicava que teria um desenvolvimento normal. Apesar de
dormir pouco, era um bebê alegre e cheio de energia. As primeiras palavras
surgiram aos 10 meses de idade. Com o tempo, percebemos que o seu vocabulário
era pequeno e não deslanchava. Os médicos achavam que era porque ela tinha
contato com duas línguas: o inglês e o português. Porém, sua
hiperatividade era notória e se acentuava cada dia!
Aos dois anos de idade começou a demonstrar um nervosismo acentuado, pouca
concentração. Sua hiperatividade aumentava e começou a ficar arredia ao contato
social. Apresentava pouca evolução no seu vocabulário. voltamos aos pediatras e
estes diziam que era normal e mandaram-nos esperar até ela completar três anos
de idade. Tentamos duas escolas infantis para ela. Foram experiências
frustrantes! As escolas alegavam que não tinham condições de atendê-la
adequadamente. Ela demandava muita atenção, nao "obedecia", nao se
comportava como as demais crianças da sua idade e não tinha nenhuma noção de
perigo.
Finalmente, depois de completar três anos de idade, foi encaminhada à um
neurologista e a uma fonoaudióloga. Foi pedida também uma avaliação psicológica
dela. Nesse período conseguimos uma escola que a aceitasse. Embora ela ficasse
boa parte do dia lá, houve pouca evolução na área cognitiva, na linguagem e na
socialização.
Antes de completar quatro anos de idade, Jacqueline foi diagnosticada com
autismo infantil por uma psicóloga. Foi um tempo muito difícil para nós, pois
não havia perspectiva de melhoras. Ela passou a fazer ludoterapia, sessões com
uma fono e continuou a freqüentar sua escola infantil. Durante este tempo, nos servíamos
a Deus num programa destinado à crianças carentes em Nova Contagem. Dávamos
aulas de alfabetização e esportes. Estava ficando muito difícil a nossa
situação. Jacqueline se recusava ir à escola, parou de falar as
poucas palavras que sabia. Só se comunicava com gritos e gestos. Chorava e
gritava por longo tempo e por qualquer motivo. Dormia muito pouco, cerca de
cinco horas por noite e não conseguia se concentrar numa atividade por mais que
tentássemos.
Assim permaneceu até os seus seis anos de idade. Consultamos um psiquiatra e um
neurologista que não confirmaram o quadro de autismo. Começamos a experimentar
algumas medicações na tentativa de melhorar a sua hiperatividade. Nós já não
sabíamos mais o que fazer. Sempre houve um batalhão de pessoas orando por nós e
por ela e cremos que foi isso que nos fortaleceu cada dia.
Em 2003, tomamos a decisão de nos mudarmos para Belo Horizonte onde teríamos
melhores condições de tratá-la. Graças a Deus, nossa filha se adaptou à
uma escola especializada que tiveram muita paciência com ela. Então, Jacqueline
começou a apresentar algum desenvolvimento cognitivo e social. Por quase um ano
a levamos a um hospital público de saúde mental infantil. Queríamos que eles
dessem um parecer sobre o seu caso. Ela foi avaliada por vários profissionais e
não havendo uma definição do seu diagnóstico, fomos orientados a consultar um
famoso psiquiatra infantil. Este, por sua vez, nos encaminhou a um geneticista.
Meu Deus, orávamos, isso um dia terá que ter fim! Dá-nos a resposta, pedíamos,
por que já estávamos esgotados!
O médico geneticista mandou fazer um exame genético na nossa filha. Assim,
constatou-se que ela tinha uma síndrome chamada Síndrome de Angelman.
Seus portadores apresentam em sua maioria, hiperatividade e grande dificuldade
na linguagem falada, dentre outras coisas. Foi ao mesmo tempo um alívio e um
grande desafio que a nossa frente se colocava. Alívio, por que agora tínhamos
um diagnóstico definido e comprovado. Desafio, porque havia poucas chances de
ver nela melhoras, principalmente na linguagem. O médico não deu nenhuma
esperança de que ela viria a falar. No Máximo umas vinte palavras, dizia ele e
os livros que consultamos sobre o assunto.
No entanto nós sempre cremos no Deus que é o Deus do impossível e continuávamos
orando! Jacqueline continuou a freqüentar a escola especializada. Quiseram
ensinar a ela a linguagem gestual e outra alternativa, já que sua síndrome não
dava esperança de que viesse a falar. Mas nós resolvemos contratar uma
excelente fonoaudióloga para ela e pedimos que fosse tentada a linguagem oral.
Na altura desses acontecimentos, Jacqueline já estava com sete anos de idade.
Seu psiquiatra orientou-nos a lhe dar uma nova medicação que lhe ajudaria a se
concentrar melhor. Também a colocamos numa escola infantil regular para estar
em um ambiente mais estimulador e falante.
Dos sete aos oito anos, nossa filha foi “soltando” as letras, depois as
sílabas, depois as palavras, das mais simples até as mais complexas. Aos nove
anos já formava longas sentenças e contava suas histórias. Seu desenvolvimento
foi tão grande, tão estupendo que não precisou mais da escola especializada nem
de usar medicamentos.
Jacqueline estudou numa escola Cristã Adventista por cerca de 4 anos. Vimos
Deus operar miraculosamente. Para honra e glória do nosso Senhor Jesus, ela foi
alfabetizada. Ela lê textos, jornais, revistas e seus livros prediletos. E como
gosta de cantar!
Voltamos ao seu médico geneticista um ano após ele ter dado o diagnóstico
de síndrome de angelman. Ele ficou muito impressionado com o que estava
presenciando e eu lhe disse: Doutor, para mim, minha filha é um milagre!
Milagre não, minha senhora, retrucou o médico, ela é um “Milagrão”!
Hoje, junho de 2012, ela tem 15 anos de idade, fala
corretamente, Seu desenvolvimento cognitivo é notório em todas as áreas,
inclusive está aprendendo inglês! Ela estuda numa escola municipal de Belo
Horizonte. Está cursando para o 7 ano fundamental I. Na maioria das vezes, seus
conceitos são A e B.
Ela apresenta ainda algumas
dificuldades intelectuais. Seu raciocínio é lento comparado com os da sua
idade. Tem também dificuldades com conceitos abstratos. Porém, o que nos alegra
é que continua aprendendo. Uma vez que consegue assimilar o aprendizado, ela
não o perde e, este, serve de base para os próximos, como ensina Jean Piaget em
sua rica obra literária.
Teve alta de remédios desde janeiro de 2008 e não houve
retrocesso.
É uma pré-adolescente carinhosa, sensível, dotada de talentos, que cremos
irão continuar a se desenvolver! Navega com facilidade na internet, gosta de
ouvir e dançar "músicas gospels" e outras. Gosta de cantar e
nadar. Diz que vai se casar, ter três filhas e ser veterinária.
É para nós motivo de imensa alegria relatar esses acontecimentos e agradecer a
Deus e a todos que oraram por nós! Testemunhamos que Deus, na sua infinita
misericórdia, continua operando os seus Milagres!
Não há quem não se apaixone por ela!
Marta Hoadley
Marta Hoadley