sexta-feira, 1 de junho de 2012


O Milagrão chamado "Jacqueline Daniela"!


Jacqueline nasceu em 21 de abril de 1997. Linda, parecia perfeita e saudável. Recebeu o nome de Jacqueline em homenagem à sua avó paterna. Tudo indicava que teria um desenvolvimento normal. Apesar de dormir pouco, era um bebê alegre e cheio de energia. As primeiras palavras surgiram aos 10 meses de idade. Com o tempo, percebemos que o seu vocabulário era pequeno e não deslanchava. Os médicos achavam que era porque ela tinha contato com  duas línguas: o inglês e o português. Porém, sua hiperatividade era notória e se acentuava cada dia!


Aos dois anos de idade começou a demonstrar um nervosismo acentuado, pouca concentração. Sua hiperatividade aumentava e começou a ficar arredia ao contato social. Apresentava pouca evolução no seu vocabulário. voltamos aos pediatras e estes diziam que era normal e mandaram-nos esperar até ela completar três anos de idade. Tentamos duas escolas infantis para ela. Foram experiências frustrantes! As escolas alegavam que não tinham condições de atendê-la adequadamente. Ela demandava muita atenção, nao "obedecia", nao se comportava como as demais crianças da sua idade e não tinha nenhuma noção de perigo.
Finalmente, depois de completar três anos de idade, foi encaminhada à um neurologista e a uma fonoaudióloga. Foi pedida também uma avaliação psicológica dela. Nesse período conseguimos uma escola que a aceitasse. Embora ela ficasse boa parte do dia lá, houve pouca evolução na área cognitiva, na linguagem e na socialização.
Antes de completar quatro anos de idade, Jacqueline foi diagnosticada com autismo infantil por uma psicóloga. Foi um tempo muito difícil para nós, pois não havia perspectiva de melhoras. Ela passou a fazer ludoterapia, sessões com uma fono e continuou a freqüentar sua escola infantil. Durante este tempo, nos servíamos a Deus num programa destinado à crianças carentes em Nova Contagem. Dávamos aulas de alfabetização e esportes. Estava ficando muito difícil a nossa situação. Jacqueline se recusava ir à escola, parou de falar as poucas palavras que sabia. Só se comunicava com gritos e gestos. Chorava e gritava por longo tempo e por qualquer motivo. Dormia muito pouco, cerca de cinco horas por noite e não conseguia se concentrar numa atividade por mais que tentássemos.
Assim permaneceu até os seus seis anos de idade. Consultamos um psiquiatra e um neurologista que não confirmaram o quadro de autismo. Começamos a experimentar algumas medicações na tentativa de melhorar a sua hiperatividade. Nós já não sabíamos mais o que fazer. Sempre houve um batalhão de pessoas orando por nós e por ela e cremos que foi isso que nos fortaleceu  cada dia.
Em 2003, tomamos a decisão de nos mudarmos para Belo Horizonte onde teríamos melhores condições de tratá-la. Graças a Deus, nossa filha se adaptou à uma escola especializada que tiveram muita paciência com ela. Então, Jacqueline começou a apresentar algum desenvolvimento cognitivo e social. Por quase um ano a levamos a um hospital público de saúde mental infantil. Queríamos que eles dessem um parecer sobre o seu caso. Ela foi avaliada por vários profissionais e não havendo uma definição do seu diagnóstico, fomos orientados a consultar um famoso psiquiatra infantil. Este, por sua vez, nos encaminhou a um geneticista.
Meu Deus, orávamos, isso um dia terá que ter fim! Dá-nos a resposta, pedíamos, por que já estávamos esgotados!
O médico geneticista mandou fazer um exame genético na nossa filha. Assim, constatou-se que ela tinha uma síndrome chamada Síndrome de Angelman. Seus portadores apresentam em sua maioria, hiperatividade e grande dificuldade na linguagem falada, dentre outras coisas. Foi ao mesmo tempo um alívio e um grande desafio que a nossa frente se colocava. Alívio, por que agora tínhamos um diagnóstico definido e comprovado. Desafio, porque havia poucas chances de ver nela melhoras, principalmente na linguagem. O médico não deu nenhuma esperança de que ela viria a falar. No Máximo umas vinte palavras, dizia ele e os livros que consultamos sobre o assunto.
No entanto nós sempre cremos no Deus que é o Deus do impossível e continuávamos orando! Jacqueline continuou a freqüentar a escola especializada. Quiseram ensinar a ela a linguagem gestual e outra alternativa, já que sua síndrome não dava esperança de que viesse a falar. Mas nós resolvemos contratar uma excelente fonoaudióloga para ela e pedimos que fosse tentada a linguagem oral.
Na altura desses acontecimentos, Jacqueline já estava com sete anos de idade. Seu psiquiatra orientou-nos a lhe dar uma nova medicação que lhe ajudaria a se concentrar melhor. Também a colocamos numa escola infantil regular para estar em um ambiente mais estimulador e falante.
Dos sete aos oito anos, nossa filha foi “soltando” as letras, depois as sílabas, depois as palavras, das mais simples até as mais complexas. Aos nove anos já formava longas sentenças e contava suas histórias. Seu desenvolvimento foi tão grande, tão estupendo que não precisou mais da escola especializada nem de usar medicamentos.
Jacqueline estudou numa escola Cristã Adventista por cerca de 4 anos. Vimos Deus operar miraculosamente. Para honra e glória do nosso Senhor Jesus, ela foi alfabetizada. Ela lê textos, jornais, revistas e seus livros prediletos. E como gosta de cantar!
Voltamos ao seu médico geneticista um ano após ele ter dado  o diagnóstico de síndrome de angelman. Ele ficou muito impressionado com o que estava presenciando e eu lhe disse: Doutor, para mim, minha filha é um milagre! Milagre não, minha senhora, retrucou o médico, ela é um “Milagrão”!
Hoje, junho de 2012, ela tem 15 anos de idade, fala corretamente, Seu desenvolvimento cognitivo é notório em todas as áreas, inclusive está aprendendo inglês! Ela estuda numa escola municipal de Belo Horizonte. Está cursando para o 7 ano fundamental I. Na maioria das vezes, seus conceitos são A e B. 
Ela apresenta ainda algumas dificuldades intelectuais. Seu raciocínio é lento comparado com os da sua idade. Tem também dificuldades com conceitos abstratos. Porém, o que nos alegra é que continua aprendendo. Uma vez que consegue assimilar o aprendizado, ela não o perde e, este, serve de base para os próximos, como ensina Jean Piaget em sua rica obra literária. 
Teve alta de remédios desde janeiro de 2008 e não houve retrocesso.
É uma pré-adolescente carinhosa, sensível, dotada de talentos, que cremos irão continuar a se desenvolver! Navega com facilidade na internet, gosta de ouvir e dançar "músicas gospels" e outras. Gosta de cantar e nadar. Diz que vai se casar, ter três filhas e ser veterinária.
É para nós motivo de imensa alegria relatar esses acontecimentos e agradecer a Deus e a todos que oraram por nós! Testemunhamos que Deus, na sua infinita misericórdia, continua operando os seus Milagres!
Não há quem não se apaixone por ela!


Marta Hoadley